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Santa Marta

Num dos mais encantadores e aprazíveis locais da Serra dos Candeeiros, a uma altitude média, entre uma pequena escarpa e alguns penedos, se situa o pequenino lugar de Santa Marta com a sua Ermida branquinha, Ao tentar reconstruir um pouco do passado e pela ausência de documentos escritos, apercebemos-nos de restos de possíveis moradias de antigos eremitas e do aproveitamento do terreno, que ainda hoje é, no local, bastante precioso para cultivo de pastos e cereais. Pelo que contam as pessoas mais idosas e pelo material arqueológico encontrado, concluiu-se que sucessivas gerações ou famílias ocuparam o sítio ininterruptamente desde os tempos pré-históricos.
Assim, o local revela um espólio arqueológico abundante de instrumentos e peças raras. Remontando aos últimos tempos da Idade Média, a ermida de Santa Marta é de construção modestíssima e praticamente desprovida de estilo, mas possui azulejos associados a um precioso painel com a figura de Santa Marta pisando um dragão, de valor inestimável.

Ouviu-se muitas vezes contar a pessoas idosas, nomeadamente aos eremitas Maria de Santa Marta e Francisco Serrador, como eram as festas de antigamente em Quinta Feira da Ascensão. Comparando-as com as de hoje, não há grande diferença. Só que, nesses tempos, a afluência de romeiros era mais assídua e numerosa.
Os eremitas matavam um bezerro e cozinhavam-no numa casa que ainda hoje lá existe, conhecida pela casa da boda, distribuindo a carne pelos peregrinos e romeiros que devotadamente assistiam à festa. Havia procissão, missa cantada e a bênção dos campos. Vinham procissões de muitas terras circunvizinhas, trazendo anjos e alguns faziam-se acompanhar das suas bandas. Depois de assistirem à missa, à procissão e bênção dos campos, procuravam assentos e espraiavam-se nas ervas e nos matos rasteiros para merendar considerado um dos mais lindos miradouros do Ribatejo.
"O dia é grande, mas passa depressa"- diziam.
Ao cair da noite, uma aragem fresca, própria daquelas altitudes, converte-se em aromas subtis dos matos pisados pelo deambular dos romeiros. Começa a surgir a ideia de partir. E o nosso pequenino lugar, com a sua ermida, em breve ficará ermo e solitário!..
Santa Marta no Século XVIII
"Há nesta freguesia (de Alcanena) cinco ermidas: S. Pedro de Azinheira, vizinha de Alcanena; S. joão Baptista, da Raposeira; Nossa Senhora da Penha de França, de Gouxaria; Santa Marta da Serra; S. Matias, dos Casais Robustos. A ermida de Santa Marta é da jurisdição do Prior de S. Tiago de Torres Novas que "põe" o ermita. A todas estas ermidas acodem romagens, sobretudo à de Santa Marta. Em quase todo o ano e de várias freguesias deste Reino acodem a ela. Principalmente na oitava da Páscoa (Pascoela) com grande concurso do povo, com muito fervor, muitas festas, sermões e missas cantadas."
Moitas de Santa Marta
Perde-se no escuro dos tempos a data da presença de ermida de Santa Marta no oiteiro do seu nome. Há indícios de que o local foi habitado na pré história e teria lá havido mesmo um templo de uma deusa pagã. Há notícia certa de muitas localidades que, do outeiro de Santa Marta, se vêem para cá do Tejo, virem em romaria nos domingos depois da páscoa à "advogada contra as febres e epidemias e padroeira das searas e das vinhas". O povo chama-lhe Nossa Senhora de Santa Marta, não porque seja a mãe de Jesus, mas porque na sua cabeça estava colocada uma coroa de conde, sinal da sua senhoria; a ermida seria proprietária do outeiro, e talvez de mais vasta extensão territorial.
Teriam os cristãos baptizado este local de culto pagão com o nome de Marta, irmã de Lázaro que recebia em sua casa de Betânia, Jesus da Nazaré? E bem possível. Talvez no século IV ou V, quando os Romanos passavam por aqui a caminho de Vila Cardílio (Torres Novas).
Marta com uma cruz numa mão e o evangelho na outra, vinha ao encontro dos que queriam conhecer o cristo.
Adaptado pelo Padre José Francisco Branco
Oração Antiga
Santa Marta milagrosa, eu me acolho ao vosso amparo e protecção para que me ajudeis em minhas tribulações,e em prova do meu afecto e agradecimento, prometo propagar a vossa devoção. Suplico-vos, pela grande dita que alegrou o vosso coração, ao hospedar em vossa casa de Betânia o Salvador do Mundo, me consoleis em minhas penas e aflições. Intercedei por mim e por toda a minha família, para que sejam remediadas as nossas necessidades, em especial esta que me aflige. Suplico-vos que vençais estas dificuldades, como vencestes o dragão do mal, que tendes aos vossos pós.
Quinta-feira da Ascensão

Santa Marta será sempre para os moitenses aquela referência que em qualquer parte do mundo os transporta ao seu lugar de origem. Na Quinta Feira da Ascensão, os caminhos de Santa Marta, dantes o carreiro, hoje o alcatrão, levam ao cimo do monte os habitantes e os forasteiros que teimam em vir de longe, movidos por uma fé, à vezes escondida e disfarçada, num passeio que se torna quase obrigatório.
Cumprem-se promessas. Convive-se, dança-se, come-se e bebe-se.
Mas, a quase obrigação de ir a Santa Marta na Quinta Feira da Ascensão, tem algo de místico.
De longe chegam os ecos de fé e da esperança dos nossos emigrantes.
Levam Santa Marta no coração e na alma e à santa recorrem nos momentos difíceis da vida ou simplesmente quando a saudade aperta.
Poema a Santa Marta

Na Serra dos Candeeiros
Apareceu uma santinha
E logo do povo da terra
Lhe ofereceu uma capelinha
Quando há tristeza no povo
Lá está uma luz a brilhar
É a santa marta a dizer
Que está aqui por nós, a velar
Ó santa marta, nossa santinha
Vela por nós, vela por nós
Junto da tua velha capelinha
Roguemos a vós, roguemos a vós